Hoje é um dia Santo. Um dia de
esperança, um dia para que o Homem seja enfim Ser cheio de dignidade e pela
primeira vez na minha vida consegui esboçar uma cena da Santa Famíla, promessa
de graça e salvação. Hoje tendo-me levantado cedo como me é natural - bom, um
pouco mais tarde do que é costume - bebi água, bebi café, fumei cigarros
Wiston, e escrevi notas, e de repente por entre essas notas, comecei a esboçar
este quase icone e esboçando-o senti consolação, pois descubro, descubro-me,
mostro e perante esta tentativa de aproximar algo que realmente é inaudito na
história da humanidade, sinto os ventos e tempestades, os ares das promessas
dos homens esvanecerem-se para que o nascimento da Divina Criança se revele
como acto sublime de consolação e de real evolução. À partir desse momento,
todo ser humano que nasce ao mundo é uma bênção infinitamente sagrada, eternamente
preciosa, promessa natural e sobrenatural, a única e animadora novidade –
natividade - que aconteceu e que está sempre a acontecer por meio de fogos de
palha, de ilusões decorativas e comodidades. Único conforto que se oferece ao
Ser Humano; o seu destino, a sua redempção, o alegre e cantado acolhimento de
uma criatura amada por Deus.