Aqui vai mais um desses quadros feitos durante a minha estadia no
Porto em 2005. Quadros muito mal aceites por alguns dos meus coleccionadores
habituais, pois acham que não correspondem ao meu estilo. De facto
aparentemente nada parece com aquilo que fiz até então. Nem na forma, nem na
matéria. Portanto o conteúdo lá está. Qual conteúdo? Aquela busca da Luz que se
abre por trás das cores e das formas, a Luz que poderá satisfazer a sede da
alegria de viver. Esse é e sempre foi o meu conteúdo, com ou sem jeito, é esse
o solo do meu caminho. A factura destes quadros parece ser rústica e utilitária,
como qualquer desses pintores que fabricariam pintura para fazer dinheiro. Ora
fazer pintura é como fazer pão. A massa vai ao forno dos corações, e
francamente não sei dizer qual é o bom estilo na época que atravessamos, como
não sei dizer qual é o melhor pão. Talvez seja, será mesmo o factor relevante
desta época, saudável factor de abertura e multiplicação de possibilidades. A
única condição é que o protagonista se entregue plenamente aquilo que realiza,
que não ande a fazer coisinhas nas férias e aos domingos, que se dê
inteiramente a essas Luzes que as formas porventura podem disfarçar.
Z.L. Darocha. Ourigo 54. Pintura a óleo sobre tela. 30cmx80cm. 2005.