11/19/2012

OURIGO 4


Está série de quadros pintados a óleo sobre tela deu-me muita satisfação, pois tentei e procurei dar corpo às impressões dos pôr-do-sol que vivi durante 8 meses na foz do Porto. Alguns desses quadros podem parecer rudes e desajeitados, outros mais apropriados; é assim. Que capacidade seria a minha se pretendesse integrar o mistério cada dia renovado de uma estrela que lentamente deslisa para além das imensas águas. Dizem que ou foi o Claude Lorrain que inventou o Pôr-do-sol ou o Sol que inventou o Claude Lorrain.  Muito explícito, porque o mistério do Ser continua intacto, salvo no plano sobrenatural
A Júlia Pintão escreveu algo de formidável - é uma daquelas frases apropriadas que valem compêndios: O artista não é prisioneiro de nada a não ser da arte .
Esta frase, responde perfeitamente a situação actual na qual a arte se desenvolve, uma pressão de certos lobbies e instituições que pretendem e tudo fazem para imporem uma só regra de correcção, de comportamento, de formalidades que pretendem apresentar o cume duma hierarquia de valores estéticos.
Isto cansou-me e agora tinha vontade de fazer uma caminhada até à Foz do Douro e assentar-me no paredão para contemplar o por-do-sol. Mas é um bocado longe daqui e arrisco a não chegar a tempo.

Paris, Segunda Feira dia 19 de Novembro de 2012.

Z.L. Darocha


Z.L. Darocha. Ourigo 57. Pintura a óleo sobre tela. 16cm x 80cm. 2005. 



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