Está série de quadros pintados a
óleo sobre tela deu-me muita satisfação, pois tentei e procurei dar corpo às
impressões dos pôr-do-sol que vivi durante 8 meses na foz do Porto. Alguns
desses quadros podem parecer rudes e desajeitados, outros mais apropriados; é
assim. Que capacidade seria a minha se pretendesse integrar o mistério cada dia
renovado de uma estrela que lentamente deslisa para além das imensas águas.
Dizem que ou foi o Claude Lorrain que inventou o Pôr-do-sol ou o Sol que
inventou o Claude Lorrain. Muito explícito,
porque o mistério do Ser continua intacto, salvo no plano sobrenatural
A Júlia Pintão escreveu algo de
formidável - é uma daquelas frases apropriadas que valem compêndios: “O artista não é prisioneiro de nada a
não ser da arte .”
Esta frase, responde
perfeitamente a situação actual na qual a arte se desenvolve, uma pressão de
certos lobbies e instituições que pretendem e tudo fazem para imporem uma só
regra de correcção, de comportamento, de formalidades que pretendem apresentar o
cume duma hierarquia de valores estéticos.
Isto cansou-me e agora
tinha vontade de fazer uma caminhada até à Foz do Douro e assentar-me no
paredão para contemplar o por-do-sol. Mas é um bocado longe daqui e arrisco a
não chegar a tempo.
Paris, Segunda Feira dia
19 de Novembro de 2012.
Z.L. Darocha
Z.L. Darocha. Ourigo 57. Pintura a óleo sobre tela. 16cm x 80cm. 2005.
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